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12/10/2005 Para quem pensa que As Dores do Mundo e Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) são músicas do Jota Quest e do Kid Abelha, respectivamente, o disco Na Rua, Na Chuva, na Fazenda (Universal), de Hyldon, é uma aula de História da Música Popular Brasileira. Lançado há exatos 30 anos, o álbum – considerado um marco da soul music nacional – ganha uma edição comemorativa com várias novidades em relação ao LP original e outras versões em CD que já haviam sido lançadas. Em relação às outras edições em CD, a diferença é que o disco traz todas as 12 faixas originais, na ordem correta, com as letras e os comentários de Hyldon, que narra a história de cada canção. Além disso, há fotos inéditas no encarte e as músicas As Dores do Mundo e Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) ganharam versões remixadas, incluídas como faixas bônus, feitas pelo grupo Bossacucanova. “Puristas, por favor, não reclamem. Vocês têm as versões originais para curtir”, diz Hyldon, no encarte, revelando-se fã de música eletrônica. Os comentários são reveladores. Todas as músicas do disco foram compostas por Hyldon – apenas No Balanço do Violão é em parceria com Beto Moura – e surgiram a partir de experiências pessoais, quase sempre amorosas. O clássico Na Sombra de uma Árvore, por exemplo, foi a expressão do desejo de Hyldon em ficar sozinho com uma modelo super-requisitada com quem namorava na época. O hino Casinha de Sapê foi inspirado no amor do compositor baiano por uma moça mineira que conheceu quando ela excursionava no Rio. Já As Dores do Mundo foi composta quando Hyldon atravessava, a pé, um movimentado túnel carioca. Viagem rítmica Musicalmente, Na Rua, na Chuva, na Fazenda é uma viagem por diversos ritmos, arranjos elaborados e letras inspiradas. À soul music juntam-se rock, música rural, samba, baião até música clássica, representada pelo naipe de cordas. O disco começa com a auto-explicativa Guitarras, Violinos e Instrumentos de Samba, um samba-rock ao estilo do então Jorge Ben (sem “Jor”). Na Sombra de uma Árvore mostra o que é um dos trunfos musicais do álbum, o violão suingado de Hyldon, que também dá um show à parte na canção-título, com arranjos de cordas primorosos e andamento todo quebrado. Não foi à toa que se tornou um clássico. A linha de baixo de As Dores do Mundo, salientada pela perfeita qualidade sonora, é de tirar o fôlego. As cordas voltam a parecer na ótima Quando a Noite Vem, que tem ainda a participação de um coral. No samba O Balanço do Violão, Hyldon dá uma aula de cadência; pena que muitos de seus alunos foram produtores de bandas de pagode, que pegaram a base da música para criar distorções. E outro samba, melhor ainda, encerra o CD: Meu Patuá. Em resumo: embora Na Rua, na Chuva, na Fazenda tenha imortalizado três músicas, que anos depois fariam ainda mais sucesso com artistas pop, todas as canções são magníficas, infinitamente melhores do que qualquer releitura. Os remixes incluídos nesta edição eram realmente dispensáveis, mas quem não gosta pode parar na faixa 12 que já está bom demais. Na Rua, na Chuva, na Fazenda é um dos melhores discos da História da música brasileira e vai ser eternamente lembrado por isso.
![]() Ficha técnica, faixas e compositores |
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