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Por Marcos Paulo Bin A gravadora Gospel Records é uma das que mais investem no rap e no hip hop evangélico. Talvez porque sua sede esteja em São Paulo, onde o movimento rapper é mais forte. Na capital paulista, assim como pipocam a cada esquina cantores, duplas e grupos seculares dedicados ao gênero, o mesmo acontece com os crentes que cada vez mais se engajam no movimento. O rap e o hip hop, tanto para um quanto para outro, florescem principalmente nas periferias, mas, como virou moda, também chegou às regiões onde vivem as classes B e C. Mais ou menos como aconteceu com o funk carioca em 2000. Uma das bandas mais representativas do rap gospel paulista é o Juízo Final, formado por Jadiel (voz), Weriton (voz), Leandro (guitarra), Gê (baixo), Rodrigo (teclados) e Betinho (bateria). Em 2004, o grupo completa 10 anos de estrada. Enquanto se prepara para seu quarto disco, Realidade Virtual, o sexteto segue divulgando o CD anterior, Novos Conceitos, lançado em 2003. Os dois primeiros álbuns da banda foram Juízo Final (94) e Ficha Limpa (2001), todos pela Gospel Records. Embora possa ser considerado um grupo de rap, o Juízo Final não é tão “radical” quanto outros nomes do gênero. Na verdade, o som do grupo poderia ser definido como pop-rock-rap, um estilo que não é tão comum nem no mercado secular nem no gospel. Na música dita mundana, a moda é o new metal, que mistura hardcore e rap. Mas a sonoridade do Juízo Final é mais leve, e tem toques também de soul, r&b, eletrônica e maracatu. Quando surgiu, em 94, o Juízo Final era composto apenas por dois DJs, e fazia um rap tradicional. Mas, com a entrada de quatro novos músicos, eles incorporaram o pop-rock e tornaram-se pioneiros, no mundo gospel, nessa fusão de ritmos. Segundo o grupo, o nome do terceiro CD representa bem sua proposta musical. E eles têm razão. Já na primeira faixa, apenas uma introdução, eles misturam rap, rock e eletrônica. A música seguinte, Zumbi, é a mais pesada entre as 11 do disco, e trata de diversos temas: costumes, medo, injustiça e outros. É, talvez, a faixa que melhor sintetiza a proposta inovadora do grupo de misturar pop-rock com rap. “Sou careta e sou feliz” As drogas são um tema recorrente nas letras de Novos Conceitos. Em Chegamos, um rap de ritmo animado e vários scratches, o compositor Betinho alerta: “O cachimbinho de pedra ou um saquinho de pó / Enrolado, baseado, e só você é culpado da sua própria destruição / Se liga meu irmão, eles te deixam sem nada / Esvaziam sua casa, sugam tudo o que tem / Derrubam o seu barraco, te deixaram num buraco / E aí, hein?” Em Caretas, um rap-rock também de Betinho, ao mesmo tempo em que o Juízo Final alerta contra as drogas, faz também uma auto-avaliação de seus 10 anos de estrada, desde os tempos que seus integrantes se encontravam no templo da Irgreja Renascer, às segundas-feiras, ao posto de uma das principais bandas de rap gospel nacional. “Tudo começou tão rápido demais, o crescimento, o reconhecimento e o que Deus quer mais / Muitos recuperados, curados, libertos e muito mais / Dos encontros nas segundas, Deus tinha muito mais / Um ministério tão jovem, mas, meu Deus, cresceu demais / É por isso que canto, repito e digo assim: / Eu sou careta e você diz: ‘drogas, bah’ / Eu sou careta, eu sou feliz, drogas, bah”, diz a letra. Outra faixa interessante é Direito, o rap mais “tradicional” do CD, no qual a banda mostra-se indignada com a passividade do povo e conclama as pessoas a lutar, tanto por seus direitos sociais quanto pelas bênçãos que Deus reserva para suas vidas. “Chegou a sua hora, chegou a sua vez, não se deixe ser roubado / Não pare, não pare, não pare, não fique calado / (...) Tenha atitude e deixe de reclamar, lute, não se intimide / Agora é a hora, pode crer e acredite / Respeito não se ganha, tem que se conquistar / Eu sei que é difícil, mas também sei que eu posso / Pois esse é um direito nosso”, versa Betinho. Mas
Novos Conceitos também tem outros temas e ritmos. Mashia é um
louvor, com forte influência do r&b. Destino é um soul romântico,
enquanto Madalena – que faz citação a Maria, grande sucesso do
primeiro CD da banda – é uma balada. Na última faixa, Prova de Fogo,
o Juízo Final inclui maracatu ao seu rap-rock. Inovação, atitude e fé. Este
é o Juízo Final. Como eles dizem no refrão de Chegamos, “faça o que
eu fiz e pode ser feliz”.
![]() ![]() ![]() Ficha técnica, faixas e compositores |
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